Viver em função de achismos, suposições e fofocas é o grande hobby do momento. Sim, vasculhar a vida alheia como se fosse uma novela mexicana nos capítulos finais é uma montanha russa de emoções para os bisbilhoteiros de plantão.
É como se fosse uma droga, um grande êxtase de sensações liberadas no cérebro que fazem com que as histórias do cotidiano do vizinho sejam muito mais interessantes que suas ilusões diárias. O nosso filme é preto e branco. Do outro é colorido com efeito 3D.
Por isso, sempre paira aquela pergunta: para que ver TV se eu tenho um reality show ao vivo e a cores bem ao lado da minha porta? E também não basta assistir. Tem que ver, analisar, julgar e repassar as informações com suas velhas e caóticas convicções.
Que graça teria em somente reproduzir uma cena fidedigna? É muito mais interessante julgar, tirar conclusões precipitadas. Isso sim traz diversão e transforma a nossa vida em um imenso picadeiro dos horrores.
Somos palhaços mascarados deste circo incapazes de olhar para o próprio nariz. Na inutilidade mórbida de julgar nossas atitudes, preferimos apontar o dedo na cara do outro sem ao menos dizer uma única palavra. Simplesmente colocamos a estrelinha de xerife no peito e saímos fazendo acusações sem fundamentos por acharmos sermos os donos da verdade absoluta e intransitória.
Depois aparecem pesquisas dizendo que o ser humano está desaprendendo a viver em sociedade e que a relação mais tórrida e íntima que temos é o com o mouse, o teclado e a webcam do computador. A amizade é um sentimento virtual limitada as salas de bate-papo e sites de relacionamento.
Aliás, vamos concordar que a internet veio para fortalecer o fluxo de informações equivocadas do dia-a-dia. Com a perda do contato físico, a ausência de uma carinha feliz no final da frase pode significar um mal entendido de altas proporções. Sim, um bom dia digitado sem uma piscadinha para lhe completar o sentido pode iniciar a terceira guerra mundial.
Na realidade, a grande maioria das pessoas está interessada em tirar suas conclusões solitariamente, pois é mais fácil atirar uma pedra do observar seu telhado de vidro. É inconcebível admitir as próprias falhas porque a idéia de perfeição ronda o delírio humano desde o início dos tempos.
Olhar para o próprio nariz é complicado, incômodo, dá aflição, te deixa vesgo além de ser desagradável prestar atenção em nós mesmos. O divertido sempre foi criticar o fulano ou o beltrano. Fazer intriga é mais interessante, dá mais ibope e agita multidões!
Isso é a triste profundidade do pensamento de uma ameba!
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